Ordem dos Ministros Presbiterianos Ortodoxos do Brasil
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Uma sinopse histórica do presbiterianismo.
Pesquisador, Tradutor, Editor e Organizador: Rev. Prof. Dr. Albuquerque G. C. Ph.D. Th.D.
Primórdios do
Movimento Reformado no Brasil
Por: Alderi Souza
de Matos.
Fonte: //www.mackenzie.br/7061.html?&L=0
1. Conceitos
Introdutórios:
Uma das coisas mais importantes para todo
grupo é ter uma consciência clara da sua identidade e objetivos. A identidade
tem a ver com as raízes, a história, os fundamentos, as características
distintivas. Os objetivos são uma decorrência disso: à luz das raízes, da
identidade, das convicções básicas, serão traçados os alvos, as prioridades, as
maneiras de ser e viver no mundo. Isto se aplica perfeitamente aos
presbiterianos.
Todavia, ocorre que muitos deles ignoram a sua
identidade, não sabem exatamente quem são, como indivíduos e como igreja. Não
conhecendo as suas raízes – históricas, teológicas, denominacionais – eles têm
dificuldade de posicionar-se quanto a uma série de questões e de definir com
clareza os seus rumos, as suas prioridades. Muitas vezes, quando questionados
por outras pessoas quanto a suas convicções e práticas, sentem-se frustrados com
a sua incapacidade de expor de modo coerente e convincente as suas posições.
O presente texto visa proporcionar, ainda que
resumidamente, informações sobre os principais elementos que constituem a
identidade reformada. Iniciaremos com o estudo da vida, obra e pensamento do
grande reformador do século 16 ao qual estamos ligados, João Calvino.
Prosseguiremos acompanhando a expansão do movimento reformado através da Europa
até chegar aos Estados Unidos, de onde, principalmente, o movimento veio para o
Brasil.
Ao lado das muitas informações históricas que
serão transmitidas, veremos também as principais características teológicas,
estruturais e práticas da tradição reformada. Ao lado do pensamento de Calvino,
também consideraremos os padrões doutrinários da Assembleia de Westminster e
outros documentos representativos. As últimas seções serão dedicadas à análise
dos principais aspectos práticos que devem caracterizar a nossa vida como
presbiterianos nos dias atuais.
Principiaremos o nosso estudo com a análise de
três termos importantes cujo significado precisa ser corretamente compreendido:
reformado, calvinista e presbiteriano. Esses nomes do nosso movimento são
sinônimos em alguns aspectos e diferentes em outros.
1.1 Reformados:
Tendo sido o monge alemão Martinho Lutero
(1483-1546) o primeiro dos reformadores protestantes do século XVI, os seus
seguidores logo passaram a ser conhecidos como “luteranos”. Eventualmente, no
país vizinho ao sul da Alemanha, a Suíça, surgiu um novo movimento protestante,
independente do movimento de Lutero, que, para distinguir-se do mesmo, passou a
ser denominado de “reformado”. Inicialmente, o movimento reformado esteve mais
ligado à pessoa de Ulrico Zuínglio (1484-1531). Porém, com a morte prematura deste,
o movimento veio a associar-se com o seu maior teólogo e articulador, que foi o
francês João Calvino (1509-1564). A propósito, os “protestantes”, fossem eles
luteranos ou reformados, só passaram a ter essa designação a partir da Dieta de
Spira, em 1529.
Portanto, o movimento reformado é o ramo do
protestantismo que surgiu na Suíça do século dezesseis, tendo como líderes
originais Ulrico Zuínglio, em Zurique, e especialmente João Calvino, em
Genebra. Esse movimento veio a caracterizar-se por certas concepções teológicas
e formas de organização eclesiástica que o distinguiram de todos os outros
grupos protestantes (luteranos, anabatistas e anglicanos). A tradição reformada
foi preservada e desenvolvida pelos sucessores imediatos e mais remotos dos líderes
iniciais, tais como João Henrique Bullinger (1504-1575), Teodoro Beza
(1519-1605), os puritanos ingleses e outros.
Até hoje, as igrejas ligadas a essa tradição
no continente europeu são conhecidas como Igrejas Reformadas (da Suíça, França,
Holanda, Hungria, Romênia e outros países). Porém, o termo reformado é mais que
a designação de uma tradição teológica ou eclesiástica. É um conceito
abrangente que inclui todo um modo de encarar a vida e o mundo a partir de uma
série de pressupostos, dentre os quais destaca-se a soberania de Deus.
1.2 Calvinistas:
O calvinismo, como o nome indica, é o sistema
de teologia elaborado pelo mais articulado e profundo dentre os reformadores,
João Calvino. Esse sistema, contido especialmente na obra maior de Calvino, a
Instituição da Religião Cristã ou Institutas, resulta de uma interpretação
cuidadosa e sistemática das Escrituras, e tem como um de seus principais
fundamentos a noção da absoluta soberania de Deus como criador, preservador e
redentor. O calvinismo não é somente um conjunto de doutrinas, mas inclui
concepções específicas a respeito do culto, da liturgia, do ministério, da
evangelização e do governo da igreja.
Normalmente, todos os reformados deveriam ser
calvinistas, mas isso nem sempre ocorre na prática. Muitos herdeiros de
Calvino, embora se considerem reformados, não mais se designam ou podem ser
designados como calvinistas, por terem abandonado certas convicções e
princípios básicos defendidos pelo reformador. Portanto, todo calvinista é
reformado, mas nem sempre a recíproca é verdadeira.
1.3 Presbiterianos:
O termo presbiteriano foi adotado pelos
reformados nas Ilhas Britânicas (Escócia, Inglaterra e Irlanda). Isso se deve
ao contexto político-religioso em que o protestantismo foi introduzido naquela
região, no qual a forma de governo da igreja teve uma importância
preponderante. Os reis ingleses e escoceses preferiam o sistema episcopal, ou
seja, uma igreja governada por bispos e arcebispos, o que permitia um maior
controle da igreja pelo estado. Já o sistema presbiteriano, isto é, o governo
da igreja por presbíteros eleitos pela comunidade e reunidos em concílios,
significava um governo mais democrático e autônomo em relação aos governantes
civis. Das Ilhas Britânicas, o presbiterianismo foi para os Estados Unidos e
dali para muitas partes do mundo, inclusive o Brasil.
Daí resulta outra distinção importante. Todo
presbiteriano é, por definição, reformado e, em teoria, calvinista. Porém, nem
todos os calvinistas são presbiterianos. Um bom exemplo é a Inglaterra dos
séculos XVI e XVII. Quase todos os protestantes ingleses daquela época eram
calvinistas, mas muitos deles não aceitavam o sistema de governo presbiteriano.
Entre eles estavam muitos anglicanos e os congregacionais, além de outros
grupos.
Ao dizermos que somos reformados, calvinistas
e presbiterianos, ficam implícitos outros dois elementos igualmente importantes
da nossa identidade, que nos lembram que não estamos sozinhos na caminhada:
somos cristãos e somos evangélicos. Se de um lado devemos valorizar a nossa
herança, de outro lado não devemos nos tornar exclusivistas, lembrando que o
corpo de Cristo é maior que o movimento ao qual estamos ligados.
2. João Calvino:
O movimento reformado ou presbiterianismo
surgiu no contexto da Reforma Religiosa do Século 16. A Reforma começou na
Alemanha, com Martinho Lutero (1517), mas o movimento reformado propriamente
dito teve origem no país vizinho, a Suíça, primeiro com Ulrico Zuínglio (†1531)
e depois com João Calvino. Sendo Calvino o maior líder e teólogo do movimento,
ele foi o principal articulador das concepções doutrinárias e da forma de
governo que vieram a caracterizar as igrejas reformadas ou presbiterianas.
·1509: João Calvino nasceu em Noyon, nordeste
da França, no dia 10 de julho. Seu pai, Gérard Cauvin, era advogado dos
religiosos e secretário do bispo local. Sua mãe, Jeanne Lefranc, faleceu quando
ele tinha cinco ou seis anos de idade. Por alguns anos, o menino conviveu e
estudou com os filhos das famílias aristocráticas locais. Aos 12 anos, recebeu
um benefício eclesiástico, cuja renda serviu-lhe como bolsa de estudos.
·1523: Calvino foi residir em Paris, onde
estudou latim e humanidades no Collège de la Marche e teologia no Collège de
Montaigu. Em 1528, iniciou seus estudos jurídicos, primeiro em Orléans e depois
em Bourges, onde também estudou grego com o erudito luterano Melchior Wolmar.
Com a morte do pai em 1531, retornou a Paris e dedicou-se ao seu interesse
predileto – a literatura clássica. No ano seguinte, publicou um comentário sobre
o tratado de Lúcio Enéias Sêneca De Clementia.
·1533: converteu-se à fé evangélica,
provavelmente sob a influência do seu primo Robert Olivétan. No final desse
ano, teve de fugir de Paris sob acusação de ser o co-autor de um discurso
simpático aos protestantes, proferido por Nicholas Cop, o novo reitor da
universidade. Refugiou-se na casa de um amigo em Angoulême, onde começou a
escrever a sua principal obra teológica. Em 1534, voltou a Noyon e renunciou ao
benefício eclesiástico. Escreveu o prefácio do Novo Testamento traduzido para o
francês por Olivétan (1535).
·1536: no mês de março foi publicada em
Basiléia a primeira edição da Instituição da Religião Cristã (ou Institutas),
introduzida por uma carta ao rei Francisco I da França contendo um apelo em
favor dos evangélicos perseguidos. Alguns meses mais tarde, Calvino dirigia-se
para Estrasburgo quando teve de fazer um desvio em virtude de manobras
militares. Ao pernoitar em Genebra, o reformador suíço Guilherme Farel o
convenceu a ajudá-lo naquela cidade, que apenas dois meses antes abraçara a
Reforma Protestante (21-05). Logo, os dois líderes entraram em conflito com as
autoridades civis de Genebra acerca de questões eclesiásticas (disciplina,
adesão à confissão de fé e práticas litúrgicas), sendo expulsos da cidade.
·1538: Calvino foi para Estrasburgo, onde
residia o reformador Martin Bucer, e ali passou os três aos mais felizes da sua
vida (1538-41). Pastoreou uma pequena igreja de refugiados franceses; lecionou
em uma escola que serviria de modelo para a futura Academia de Genebra;
participou de conferências que visavam aproximar protestantes e católicos.
Escreveu amplamente: uma edição inteiramente revista das Institutas (1539), sua
primeira tradução francesa (1541), um comentário da Epístola aos Romanos, a
Resposta a Sadoleto (uma apologia da fé reformada) e outras obras. Em 1540,
Calvino casou-se com uma de suas paroquianas, a viúva Idelette de Bure. Seu
colega Farel oficiou a cerimônia.
·1541: por volta da ocasião em que Calvino
escreveu a sua Resposta a Sadoleto, o governo municipal de Genebra passou a ser
controlado por amigos seus, que o convidaram a voltar. Após alguns meses de
relutância, Calvino retornou à cidade no dia 13 de setembro de 1541 e foi
nomeado pastor da antiga catedral de Saint Pierre. Logo em seguida, escreveu
uma constituição para a igreja reformada de Genebra (as célebres Ordenanças
Eclesiásticas), uma nova liturgia e um novo catecismo, que foram logo aprovados
pelas autoridades civis. Nas Ordenanças, Calvino prescreveu quatro ofícios para
a igreja: pastores, mestres, presbíteros e diáconos. Os dois primeiros
constituíam a Venerável Companhia e os pastores e presbíteros formavam o
controvertido Consistório.
· Por causa de seu esforço em fazer da
dissoluta Genebra uma cidade cristã, durante catorze anos (1541-55) Calvino
travou grandes lutas com as autoridades e algumas famílias influentes (os
“libertinos”). Nesse período, ele também enfrentou alguns adversários
teológicos, o mais famoso de todos sendo o médico espanhol Miguel Serveto, que
negava a doutrina da Trindade. Depois da fugir da Inquisição, Serveto foi parar
em Genebra, onde acabou julgado e executado na fogueira em 1553. A participação
de Calvino nesse episódio, ainda que compreensível à luz das circunstâncias da
época, é triste mancha na biografia do grande reformador, mais tarde lamentada
por seus seguidores.
·1548: nesse ano ocorreu o falecimento de
Idelette e Calvino nunca mais tornou a casar-se. O único filho que tiveram
morreu ainda na infância. Não obstante, Calvino não ficou inteiramente só.
Tinha muitos amigos, inclusive em outras regiões de Europa, com os quais
trocava volumosa correspondência. Graças à sua liderança, Genebra tornou-se
famosa e atraiu refugiados religiosos de todo o continente. Ao regressarem a
seus países de origem, essas pessoas ampliaram ainda mais a influência de
Calvino.
·1555: os partidários de Calvino finalmente
derrotaram os “libertinos”. Os conselhos municipais passaram a ser constituídos
de homens que o apoiavam. Embora não tenha ocupado nenhum cargo governamental,
Calvino exerceu enorme influência sobre a comunidade, não somente no aspecto
moral e eclesiástico, mas em outras áreas. Ele ajudou a tornar mais humanas as
leis da cidade, contribuiu para a criação de um sistema educacional acessível a
todos e incentivou a formação de importantes entidades assistenciais como um
hospital para carentes e um fundo de assistência aos estrangeiros pobres.
·1559: nesse ano marcante, ocorreram vários
eventos significativos. Calvino finalmente tornou-se um cidadão da sua cidade
adotiva. Foi inaugurada a Academia de Genebra, embrião da futura universidade,
destinada primordialmente à preparação de pastores reformados. No mesmo ano,
Calvino publicou a última edição das Institutas. Ao longo desses anos, embora
estivesse constantemente enfermo, desenvolveu intensa atividade como pastor,
pregador, administrador, professor e escritor.
·1564: João Calvino faleceu com quase 55 anos
em 27 de maio de 1564. A seu pedido, foi sepultado discretamente em um local
desconhecido, pois não queria que nada, inclusive possíveis homenagens póstumas
à sua pessoa, obscurecesse a glória de Deus. Um dos emblemas que aparecem nas
obras do reformador mostram uma mão segurando um coração e as palavras latinas
“Cor meum tibi offero Domine, prompte et sincere” (O meu coração te ofereço, ó
Senhor, de modo pronto e sincero).
·Escritos: a vasta produção literária de
Calvino preenche 59 grossos volumes da coleção conhecida como Corpus
Reformatorum. As Institutas em suas várias edições ocupam quatro volumes. Cinco
ou seis volumes contém os escritos ocasionais e outros onze a correspondência
de Calvino. Do restante, nada menos de 35 volumes correspondem a suas obras
bíblicas, que incluem comentários de quase todo o Novo Testamento (exceto 2 e 3
João e Apocalipse) e de boa parte do Antigo Testamento (Pentateuco, Josué,
Salmos e Isaías), preleções sobre todos os Profetas e sermões expositivos de
muitos livros da Bíblia.
3. Expansão –
Europa Continental:
· A partir da Suíça, o calvinismo difundiu-se
na França, no vale do Reno (da Alemanha até a Holanda), na Europa Oriental
(Boêmia, Polônia, Hungria), e nas Ilhas Britânicas (Escócia, Inglaterra e
Irlanda).
· A Academia de Genebra, fundada em 1559, foi
muito importante para a difusão inicial do movimento reformado em toda a
Europa. Ela preparou centenas de líderes que voltaram a seus países de origem,
especialmente a França, e difundiram as novas idéias.
· As perseguições religiosas, particularmente
na França, Itália e Países Baixos, também contribuíram para que a fé reformada
fosse levada para outras partes da Europa.
3.1 França:
O movimento reformado experimentou enorme
crescimento na década de 1550, apesar de intensas perseguições. Em 1559
reuniu-se o primeiro sínodo da Igreja Reformada da França, representando cerca
de duas mil igrejas locais, que aprovou a Confissão Galicana. Pela primeira
vez, o presbiterianismo foi organizado em âmbito nacional. Muitos dos
reformados franceses, os huguenotes, eram artesãos, comerciantes e nobres,
concentrando-se especialmente no oeste e sudoeste do país. Seus conflitos com o
partido católico liderado pela família Guise-Lorraine levaram a um longo
período de guerras religiosas (1562-1598), cujo episódio mais sangrento foi o
massacre do Dia de São Bartolomeu (24-08-1572), em que milhares de huguenotes
foram mortos à traição em Paris e no interior da França, entre eles o famoso
Almirante Gaspard de Coligny. A paz só foi restaurada em 1598, quando o rei
Henrique IV, um ex-huguenote, promulgou o Edito de Nantes, concedendo liberdade
religiosa aos reformados. Esse edito foi revogado em 1685, fazendo com que 300
mil huguenotes abandonassem a França. Os remanescentes formaram o que ficou
conhecido como “a igreja no deserto”.
3.2 Alemanha:
Desde cedo o movimento reformado penetrou no
sul do país, procedente da vizinha Suíça. O movimento cresceu com a chegada de
milhares de refugiados vindos de outras regiões (França, Países Baixos).
Estrasburgo foi um importante centro reformado entre 1521 e 1549, tendo como
grande líder o reformador Martin Bucer. Calvino ali esteve por três anos
(1538-41). Em Heidelberg, o príncipe Frederico III criou uma grande
universidade que se tornou o centro do pensamento reformado na Alemanha. Nessa
cidade foi escrito o importante Catecismo de Heidelberg (1563). A Guerra dos
Trinta Anos (1618-48) resultou no reconhecimento final das igrejas reformadas
alemãs, que receberam o influxo de sessenta mil refugiados huguenotes após a
revogação do Edito de Nantes.
3.3 Holanda:
Inicialmente, o calvinismo surgiu no sul dos
Países Baixos (Antuérpia, 1555). Em dez anos, surgiram mais de trezentas
igrejas, em parte devido à chegada de imigrantes huguenotes que fugiam das
guerras religiosas em seu país. Essas igrejas adotaram como sua declaração de
fé a Confissão Belga, escrita em 1561. O calvinismo foi implantado na Holanda
no contexto da guerra de independência contra a Espanha, iniciada em 1566 sob a
liderança de Guilherme de Orange. Como resultado do conflito, os Países Baixos
dividiram-se em Bélgica e Luxemburgo (católicos) e Holanda (reformada). O
primeiro sínodo nacional das igrejas reformadas holandesas reuniu-se em 1571 na
cidade de Emden, na Alemanha, e adotou um sistema presbiterial de governo
baseado no modelo francês. Eventualmente, a igreja reformada tornou-se oficial,
embora nem toda a população tenha aderido ao movimento. No início do século
XVII, uma disputa teológica resultou no Sínodo de Dort (1618-19), que rejeitou
as idéias de Jacó Armínio acerca da predestinação e afirmou os chamados cinco
pontos do calvinismo (depravação total, eleição incondicional, expiação
limitada, graça irresistível e perseverança dos santos).
3.4 Europa
Oriental:
Na década de 1540, graças a contatos com
cidades suíças, surgiram igrejas reformadas na Polônia e Boêmia
(Checoslováquia) e mais tarde também na Hungria. Na Boêmia, o movimento
reformado associou-se aos Irmãos Boêmios, os sucessores do antigo movimento
liderado pelo pré-reformador João Hus, morto na fogueira em 1415. Na Polônia e
na Lituânia, as igrejas calvinistas experimentaram grande crescimento, mas
eventualmente foram suprimidas pela Contra-Reforma. A fé reformada foi
introduzida na Hungria em 1549, através de contatos com Zurique, mas as igrejas
sofreram perseguições de 1677 a 1781. Em 1970, a igreja reformada húngara tinha
cerca de um milhão e meio de membros. Também existe uma grande comunidade
reformada na Romênia (700 mil membros em 1963).
4. Expansão –
Ilhas Britânicas.
4.1 Escócia:
O protestantismo reformado foi levado para a
Escócia por George Wishart, que estudara na Suíça e foi morto na fogueira em
1546. As primeiras igrejas reformadas surgiram no final da década seguinte. Os
eventos se precipitaram com o retorno do líder John Knox (c. 1514-1572), que
passou alguns anos em Genebra como refugiado, estudou aos pés de Calvino e
retornou ao seu país em 1559. No ano seguinte, o Parlamento aboliu o
catolicismo e adotou a fé reformada (Confissão Escocesa). Em dezembro de 1560,
reuniu-se a primeira Assembleia geral da Igreja Presbiteriana escocesa, que
elaborou o Livro de Disciplina. Todavia, o Parlamento não aceitou esse primeiro
Livro de Disciplina – que prescrevia a forma presbiteriana de governo –, mas
manteve o episcopado como instrumento de controle estatal da igreja.
Ironicamente, entre 1561 e 1567 a Escócia foi governada por uma rainha
católica, Maria Stuart. Após a morte de Knox, Andrew Melville (1545-1622),
outro ex-exilado em Genebra, tornou-se o principal defensor do sistema
presbiteriano e de uma igreja autônoma do estado. Os próximos quatro reis,
especialmente Carlos II (1660-85), procuraram impor o anglicanismo e
perseguiram os presbiterianos. Estes fizeram um pacto nacional para defender a
sua fé e ficaram conhecidos como “covenanters” (pactuantes). Somente em 1689 o
presbiterianismo foi estabelecido definitivamente, embora algumas modificações
feitas pelo Parlamento, como a Lei do Patronato Leigo (1717), tenham produzido
várias divisões na igreja. Em 1970, a Igreja da Escócia tinha cerca de 1 milhão
e 155 mil membros comungantes.
4.2 Inglaterra:
Desde o reinado de Eduardo VI (1547-1553)
surgiram fortes influências reformadas neste país. Martin Bucer, o reformador
de Estrasburgo, passou seus últimos anos na Inglaterra. Calvino correspondeu-se
com o rei Eduardo, com Somerset, o lorde protetor, e com Thomas Cranmer, o
arcebispo de Cantuária. O Livro de Oração Comum e os Trinta e Nove Artigos
revelam clara influência reformada. Durante o reinado de Maria Tudor (1553-58),
a Sanguinária, muitos protestantes ingleses refugiaram-se em Zurique e Genebra.
Porém, a rainha Elizabete I (1558-1603) não apreciava os aspectos populares da
forma presbiteriana de governo, preferindo uma estrutura episcopal que deixava
o controle último da igreja nas mãos das autoridades civis. No seu reinado,
surgiram os puritanos, alguns dos quais sustentavam princípios presbiterianos.
Os reis Tiago I e Carlos I (1625-1649), que governavam a Inglaterra e a
Escócia, continuaram a opor-se aos puritanos. Carlos fez guerra contra os
escoceses presbiterianos e viu-se em dificuldades. Para isso, precisou convocar
a eleição de um parlamento, que teve uma maioria puritana. Dissolvido o
parlamento, houve nova eleição que resultou numa maioria puritana ainda maior.
A consequência foi a guerra civil, que terminaria com a execução do rei. Esse
parlamento puritano convocou a Assembleia de Westminster (1643-49), que
produziu os “padrões presbiterianos” de culto, forma de governo e doutrina
(Confissão de Fé e Catecismos). Quando tais padrões foram aprovados pelo
parlamento, a Igreja da Inglaterra deixou de ser episcopal e tornou-se
presbiteriana. Porém, depois que Carlos II tornou-se rei em 1660, houve a
restauração do episcopado e seguiram-se vários anos de repressão contra os
presbiterianos. A Igreja Presbiteriana da Inglaterra, criada em 1876, tinha 60
mil membros comungantes em 1970.
4.3 Irlanda:
A tradição reformada teve início na Irlanda
com a “Colônia de Ulster”, a partir de 1606. O governo inglês, no esforço de
“domesticar” os irlandeses, plantou comunidades inglesas e irlandesas nas
regiões devastadas pela guerra ao norte da ilha. Aos imigrantes escoceses, que
levaram consigo o seu presbiterianismo, uniram-se puritanos ingleses e
huguenotes franceses. Houve uma rígida separação étnica entre os novos
moradores e os irlandeses católicos do sul, e grande violência destes contra os
presbiterianos. Graças aos capelães de um exército pacificador, um presbitério
foi fundado no Ulster em 1642 e em 1660 já havia cinco deles. Os colonos
alcançaram prosperidade na nova terra, mas também se viram sujeitos a
restrições políticas, econômicas e religiosas impostas pelo governo inglês,
além de calamidades naturais como a seca. Com isso, a partir de 1715, os
“escoceses-irlandeses” começaram a sua grande migração para os Estados Unidos.
Até 1775, pelo menos 250 mil cruzaram o Atlântico. Em 1970, a Igreja
Presbiteriana da Irlanda tinha cerca de 140 mil membros comungantes.
5. A Assembleia de
Westminster.
5.1 Antecedentes:
O rei Carlos I (1625-1649) queria impor o
anglicanismo aos puritanos ingleses e aos presbiterianos escoceses. Porém,
estes últimos se rebelaram e enfrentaram com êxito os exércitos reais.
Precisando de mais tropas e dinheiro, Carlos viu-se forçado a promover a
eleição de um parlamento. Para frustração do rei, os ingleses elegeram um
parlamento puritano, que foi prontamente dissolvido. Feita nova eleição, a
maioria puritana tornou-se ainda mais expressiva. Diante da recusa do
parlamento em ser novamente dissolvido, resultou uma guerra civil.
5.2 A Assembleia:
Por setenta e cinco anos os puritanos vinham
insistindo para que a Igreja da Inglaterra tivesse uma forma de governo,
doutrinas e culto mais puros. Assim, o parlamento convocou a Assembleia de
Westminster, composta de 121 dos mais capazes pastores da Inglaterra, 20
membros da Casa dos Comuns e 10 membros da Casa dos Lordes. Todos os 121
teólogos eram ministros da Igreja da Inglaterra e quase todos eram calvinistas.
Quanto ao governo da igreja, a maioria era a favor da forma presbiteriana,
muitos desejavam a forma congregacional e uns poucos defendiam a forma
episcopal. Essa questão gerou os debates mais longos e acalorados da Assembleia,
que se reuniu na Abadia de Westminster, em Londres, a partir de 1º de julho de
1643. Os trabalhos se estenderam por cinco anos e meio, durante os quais houve
mais de mil reuniões do plenário e centenas de reuniões de comissões e
subcomissões.
5.3 Os escoceses:
Tão logo a Assembleia iniciou os seus
trabalhos, as forças parlamentares começaram a sofrer reveses na guerra. O
parlamento buscou o auxílio da Escócia, que concordou em ajudar sob uma
condição – que todos os membros da Assembleia de Westminster e do parlamento
assinassem um pacto solene comprometendo-se a manter e defender a Igreja
Presbiteriana da Escócia e a reformar a igreja da Inglaterra e da Irlanda em
sua doutrina, governo, culto e disciplina, de acordo com a Palavra de Deus.
Isso foi aceito. Os presbiterianos escoceses também puderam enviar
representantes à Assembleia de Westminster, quatro pastores e dois presbíteros,
que participaram dos trabalhos sem direito a voto. Eles exerceram uma
influência desproporcional ao seu número. Logo que chegaram e foi assinado o
pacto solene (setembro de 1643), houve uma mudança radical no trabalho da Assembleia.
Até então, a idéia era revisar os Trinta e Nove Artigos da Igreja Anglicana.
Agora, passou-se a fazer uma reforma completa da igreja.
5.4 Os documentos:
A Assembleia de Westminster caracterizou-se na
somente pela erudição teológica, mas por uma profunda espiritualidade.
Gastava-se muito tempo em oração e tudo era feito em um espírito de reverência.
Cada documento produzido era encaminhado ao parlamento para aprovação, o que só
acontecia após muita discussão e estudo. Os chamados “Padrões Presbiterianos”
elaborados pela Assembleia foram os seguintes:
(a) Diretório do Culto Público: concluído em
dezembro de 1644 e aprovado pelo parlamento no mês seguinte. Tomou o lugar do
Livro de Oração Comum. Também foi preparado o Saltério: uma versão métrica dos
Salmos para uso no culto (novembro de 1645).
(b) Forma
de Governo Eclesiástico: concluída em 1644 e aprovada pelo parlamento em 1648.
Instituiu a forma de governo presbiteriana em lugar da episcopal, com seus
bispos e arcebispos.
(c) Confissão
de Fé: concluída em dezembro de 1646 e sancionada pelo parlamento em março de
1648.
(d) Catecismo
Maior e Breve Catecismo: concluídos no final de 1647 e aprovados pelo
parlamento em março de 1648.
5.5 Consequências:
Com o auxílio dos escoceses, as forças
parlamentares derrotaram o rei Carlos I, que foi decapitado em 1649. O
comandante vitorioso, Oliver Cromwell, assumiu o governo. Porém, em 1660,
Carlos II subiu ao trono e restaurou o episcopado na Igreja da Inglaterra. Teve
início uma nova era de perseguições contra os presbiterianos. Na Escócia, a Assembleia
Geral da Igreja Presbiteriana adotou os Padrões de Westminster logo que foram
aprovados, deixando de lado os seus próprios documentos de doutrina, liturgia e
governo que vinham da época de John Knox. Isso é ainda mais surpreendente
diante do fato de que somente quatro pastores escoceses participaram da Assembleia
de Westminster (Alexander Henderson, Robert Baillie, George Gillespie e Samuel
Rutherford). As razões para isso foram os méritos dos padrões de Westminster e
o desejo de maior unidade entre os presbiterianos das Ilhas Britânicas. Da
Escócia, esses padrões foram levados para outras partes do mundo.
Fonte: Walter L. Lingle, Presbyterians: Their
History and Beliefs (Richmond: John Knox Press, 1960).
6. O
Presbiterianismo nos Estados Unidos:
6.1 Os puritanos:
O calvinismo chegou à América do Norte com os
puritanos ingleses que se radicaram em Massachusetts no início do século XVII.
O primeiro grupo fixou-se em Plymouth em 1620 e o segundo fundou as cidades de
Salem e Boston em 1630. Nas décadas seguintes, mais de 20 mil puritanos
cruzaram o Atlântico em busca de liberdade religiosa e novas oportunidades.
Todavia, esses calvinistas optaram pela forma de governo congregacional, não
pelo sistema presbiteriano.
6.2 Grupos
reformados:
Muitos calvinistas que aceitavam a forma de
governo presbiteriana vieram do continente europeu. Dentre os primeiros estavam
os holandeses que fundaram Nova Amsterdã (depois Nova York) em 1623. Os
huguenotes franceses também foram em grande número para a América do Norte,
fugindo da perseguição religiosa em sua pátria. Um numeroso contingente de
reformados alemães igualmente emigrou para os Estados Unidos entre 1700 e 1770.
Esses imigrantes formaram as suas próprias denominações e mais tarde muitos
deles ingressaram na Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos.
6.3 Os escoceses:
Muitos presbiterianos escoceses foram
diretamente da Escócia para os Estados Unidos nos primeiros tempos da
colonização. Todavia, foram os escoceses-irlandeses os principais responsáveis
pela introdução do presbiterianismo naquele país. Durante o século XVIII, pelo
menos 300 mil cruzaram o Atlântico. Eles se radicaram principalmente em Nova
Jersey, Pensilvânia, Maryland, Virgínia e nas Carolinas. No oeste da
Pensilvânia, eles fundaram Pittsburgh, a cidade mais presbiteriana dos Estados
Unidos. O Rev. Ashbel G. Simonton era descendente desses escoceses-irlandeses
da Pensilvânia.
6.4 Francis
Makemie:
No século XVII as comunidades presbiterianas
dos Estados Unidos viviam dispersas. Foi só no início do século seguinte que
elas começaram a unir-se em concílios. Nesse esforço, destacou-se o Rev.
Francis Makemie (1658-1708), considerado o “pai do presbiterianismo americano”.
Ordenado na Irlanda do Norte em 1683, ele foi logo em seguida para a América do
Norte. Makemie fundou diversas igrejas em Maryland e viajou extensamente
encorajando os presbiterianos. Como a Igreja Anglicana era a igreja oficial de
várias colônias, ele sofreu muitas perseguições. Chegou mesmo a ser preso em
Nova York em 1706.
6.5 Organização:
Sob a liderança de Makemie, foi organizado em
1706 o Presbitério de Filadélfia. Em 1717, organizou-se o Sínodo de Filadélfia,
composto de quatro presbitérios. Ao todo, a denominação tinha apenas dezenove
pastores, quarenta igrejas e cerca de três mil membros. Em 1729, foi aprovado o
“Ato de Adoção”, que aprovou a Confissão de Fé e os Catecismos de Westminster
como padrões doutrinários do Sínodo. De 1741 a 1758, os presbiterianos
dividiram-se em dois grupos por causa de diferenças acerca do avivamento e da
educação teológica: Ala Velha (Sínodo de Filadélfia) e Ala Nova (Sínodo de Nova
York).
6.6 A Revolução:
Nesse período de divisão, vários evangelistas
notáveis como Samuel Davies, Alexander Craighead e Hugh McAden trabalharam com
grande êxito no sul do país, especialmente na Virgínia e nas Carolinas. Durante
a Revolução Americana, os presbiterianos tiveram uma atuação destacada. O Rev.
John Witherspoon (1723-1794), um escocês que foi presidente da Universidade de
Princeton por vinte e cinco anos, foi o único pastor que assinou a Declaração
de Independência dos Estados Unidos, em 1776. Muitos presbiterianos lutaram na
guerra da independência.
6.7 A Assembleia
Geral:
Em 1788, o Sínodo de Nova York e Filadélfia
dividiu-se em quatro (Nova York e Nova Jersey, Filadélfia, Virgínia e
Carolinas). No dia 21 de maio de 1789, reuniu-se pela primeira vez a “Assembleia
Geral da Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos da América”. Naquela época, a
Igreja Presbiteriana era a denominação mais influente do país. Em 1800, contava
com 180 pastores, 450 igrejas e cerca de 20 mil membros.
6.8 Crescimento:
Em 1801, presbiterianos e congregacionais
iniciaram um trabalho cooperativo conhecido como “Plano de União”. O objetivo
era evangelizar com mais eficiência a população que estava indo para o oeste, a
chamada “fronteira”. Foi esse o período do avivamento conhecido como Segundo
Grande Despertamento. O resultado foi um avanço fenomenal. Em 1837, a Igreja
Presbiteriana já contava com 2140 pastores, quase 3000 igrejas e 220 mil
membros. O Seminário de Princeton foi fundado em 1812 (entre seus grandes
professores estiveram Archibald Alexander, Charles Hodge, A.A. Hodge e Benjamin
B. Warfield).
6.9 Divisões:
Devido a uma controvérsia sobre os requisitos
para a ordenação de ministros, surgiu em 1810 a Igreja Presbiteriana de
Cumberland, no Tennessee. Uma divisão mais séria ocorreu entre os grupos
conhecidos como Velha Escola e Nova Escola, aquele sendo mais apegado aos
padrões de Westminster do que este. Em 1837, a Velha Escola obteve a maioria na
Assembleia Geral, cancelou o Plano de União de 1801 e excluiu quatro sínodos
inteiros, dividindo ao meio a denominação. Foi criada a Junta de Missões
Estrangeiras. Finalmente, em 1857 e 1861 ocorreram novas divisões, desta vez
ocasionadas pelo problema da escravidão. As igrejas Nova Escola e Velha Escola
do sul, favoráveis à escravidão, separaram-se das do norte. Eventualmente,
foram criadas duas grandes denominações presbiterianas, a Igreja do Norte
(PCUSA) e a Igreja do Sul (PCUS), que enviaram muitos missionários a todo o
mundo, inclusive ao Brasil.
6.10 O Século XX:
Em 1903, a PCUSA alterou levemente três
parágrafos da Confissão de Fé de Westminster e acrescentou-lhe dois novos
capítulos: um sobre o Espírito Santo e outro sobre o amor de Deus e as missões.
Mais controvertida foi uma declaração acrescentada à Confissão que atenuou as
suas afirmações sobre os decretos de Deus. Nas décadas de 1920 e 1930, a PCUSA
foi abalada pela controvérsia modernista-fundamentalista. Em 1936, J. Gresham
Machen, o líder dos conservadores, fundou sua própria denominação – a Igreja
Presbiteriana Ortodoxa. Em 1957, a PCUSA fundiu-se com uma pequena denominação
presbiteriana, surgindo a Igreja Presbiteriana Unida dos E.U.A. Apesar das
dificuldades, a igreja continuou a crescer. Entre 1900 e 1957, o número de
membros passou de um milhão para três milhões. Finalmente, em 1983, após mais
de um século de separação, as igrejas do norte e do sul uniram-se para formar a
atual Igreja Presbiteriana (E.U.A.), de tendência liberal. Antes disso, muitos
elementos conservadores haviam deixado as igrejas-mães e criado duas novas
denominações: a Igreja Presbiteriana da América (PCA, 1973) e a Igreja
Presbiteriana Evangélica (EPC, 1981).
7. Primórdios do
Calvinismo no Brasil:
·Antes da chegada do pioneiro Rev. Ashbel
Green Simonton, alguns grupos e indivíduos reformados estiveram no Brasil.
7.1 Os franceses
na Guanabara (1555-1567):
No final de 1555, chegou à Baía da Guanabara
uma expedição francesa comandada pelo vice-almirante Nicolas Durand de
Villegaignon, para fundar a “França Antártica”. Esse empreendimento teve o
apoio do almirante huguenote Gaspard de Coligny, que seria morto no massacre do
dia de São Bartolomeu (24-08-1572).
·Em resposta a uma carta de Villegaignon,
Calvino e a igreja de Genebra enviaram um grupo de crentes reformados, sob a
liderança dos pastores Pierre Richier e Guillaume Chartier (1557). Fazia parte
do grupo o sapateiro Jean de Léry, que mais tarde estudou na Academia de
Genebra e tornou-se pastor (†1611). Ele escreveria um relato da expedição,
História de uma Viagem à Terra do Brasil, publicado em Paris em 1578.
·Em 10 de março de 1557, esses reformados
celebraram o primeiro culto evangélico do Brasil e talvez das Américas.
Todavia, pouco tempo depois Villegaignon entrou em conflito com as calvinistas
acerca dos sacramentos e os expulsou da pequena ilha em que se encontravam.
·Alguns meses depois, os colonos reformados
embarcaram para a França. Quando o navio ameaçou naufragar, cinco deles
voltaram e foram presos: Jean du Bordel, Matthieu Verneuil, Pierre Bourdon,
André Lafon e Jacques le Balleur. Pressionados por Villegaignon, escreveram uma
bela declaração de suas convicções, a “Confissão de Fé da Guanabara” (1558). Em
seguida, os três primeiros foram mortos e Lafon, o único alfaiate da colônia,
teve a vida poupada. Balleur fugiu para São Vicente, foi preso e levado para
Salvador (1559-67), sendo mais tarde enforcado no Rio de Janeiro, quando os
últimos franceses foram expulsos.
· A França Antártica é considerada como a
primeira tentativa de estabelecer tanto uma igreja quanto um trabalho
missionário protestante na América Latina.
7.2 Os holandeses
no Nordeste (1630-1654):
Depois de uma árdua guerra contra a Espanha, a
Holanda calvinista conquistou a sua independência em 1568 e começou a tornar-se
uma das nações mais prósperas da Europa. Pouco tempo depois, Portugal caiu sob
o controle da Espanha por sessenta anos – a chamada “União Ibérica”
(1580-1640).
·Em 1621, os holandeses criaram a Companhia
das Índias Ocidentais com o objetivo de conquistar e colonizar territórios da
Espanha nas Américas, especialmente uma rica região açucareira: o nordeste do
Brasil. Em 1624, os holandeses tomaram Salvador, a capital do Brasil, mas foram
expulsos no ano seguinte. Finalmente, em 1630 eles tomaram Recife e Olinda e
depois boa parte do Nordeste.
·O maior líder do Brasil holandês foi o
príncipe João Maurício de Nassau-Siegen, que governou o nordeste de 1637 a
1644. Nassau foi um notável administrador, promoveu a cultura, as artes e as
ciências, e concedeu uma boa medida de liberdade religiosa aos residentes
católicos e judeus.
·Sob os holandeses, a Igreja Reformada era
oficial. Foram criadas vinte e duas igrejas locais e congregações, dois
presbitérios (Pernambuco e Paraíba) e até mesmo um sínodo, o Sínodo do Brasil
(1642-1646). Mais de cinqüenta pastores ou “predicantes” serviram essas
comunidades.
·A Igreja Reformada realizou uma admirável
obra missionária junto aos indígenas. Além de pregação, ensino e beneficência,
foi preparado um catecismo na língua nativa. Outros projetos incluíam a
tradução da Bíblia e a futura ordenação de pastores indígenas.
·Em 1654, após quase dez anos de luta, os
holandeses foram expulsos, transferindo-se para o Caribe. Os judeus que os
acompanhavam foram para Nova Amsterdã, a futura Nova York.
7.3 Eventos
posteriores:
Após a expulsão dos holandeses, o Brasil
fechou as portas aos protestantes por mais de 150 anos. Foi só no início do
século XIX, com a vinda da família real portuguesa, que essa situação começou a
se alterar. Em 1810, Portugal e Inglaterra firmaram um Tratado de Comércio e
Navegação, cujo artigo XII concedeu tolerância religiosa aos imigrantes
protestantes. Logo, muitos começaram a chegar, entre eles um bom número de
reformados.
·Após a independência, a Constituição Imperial
(1824) reafirmou esses direitos, com algumas restrições. Em 1827 foi fundada no
Rio de Janeiro a Comunidade Protestante Alemã-Francesa, que veio a congregar,
ao lado de luteranos, reformados alemães, franceses e suíços.
·Um dos primeiros pastores presbiterianos a
visitar o Brasil foi o Rev. James Cooley Fletcher (1823-1901), que aqui chegou
em 1851. Fletcher foi capelão dos marinheiros que aportavam no Rio de Janeiro e
deu assistência religiosa a imigrantes europeus. Ele manteve contatos com D.
Pedro II e outros membros destacados da sociedade; lutou em favor da liberdade
religiosa, da emancipação dos escravos e da imigração protestante. Ele escreveu
o livro O Brasil e os Brasileiros (1857), que foi muito apreciado nos Estados
Unidos.
·Fletcher não fez nenhum trabalho missionário
junto aos brasileiros, mas contribuiu para que isso acontecesse. Foi ele quem
influenciou o Rev. Robert Reid Kalley e sua esposa Sarah P. Kalley a virem para
o Brasil, o que ocorreu em 1855. Kalley fundou a Igreja Evangélica Fluminense
em 1858. No ano seguinte, chegou ao Rio de Janeiro o fundador da Igreja
Presbiteriana do Brasil, o Rev. Ashbel G. Simonton.
8. História da
Igreja Presbiteriana do Brasil:
Atualmente, existem no Brasil várias
denominações de origem reformada ou calvinista. Entre elas incluem-se a Igreja
Presbiteriana Independente, a Igreja Presbiteriana Conservadora e algumas
igrejas criadas por imigrantes vindos da Europa continental, como suíços,
holandeses e húngaros. Todavia, a maior e mais antiga denominação reformada do
país é a Igreja Presbiteriana do Brasil. Sua história divide-se em alguns
períodos bem definidos:
8.1. Implantação
(1859-1869):
O surgimento do presbiterianismo no Brasil
resultou do pioneirismo e desprendimento do Rev. Ashbel Green Simonton
(1833-1867). Nascido em West Hanover, na Pensilvânia, Simonton estudou no
Colégio de Nova Jersey e inicialmente pensou em ser professor ou advogado.
Alcançado por um reavivamento em 1855, fez sua profissão de fé e pouco depois
ingressou no Seminário de Princeton. Um sermão pregado por seu professor, o
famoso teólogo Charles Hodge, levou-o a considerar o trabalho missionário no
estrangeiro. Três anos depois, candidatou-se perante a Junta de Missões da
Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos, citando o Brasil como campo de sua
preferência. Dois meses após a sua ordenação, embarcou para o Brasil, chegando
ao Rio de Janeiro em 12 de agosto de 1859, aos 26 anos de idade.
Em abril de 1860, Simonton dirigiu o seu
primeiro culto em português; em janeiro de 1862, recebeu os primeiros membros,
sendo fundada a Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro. No breve período em que
viveu no Brasil, Simonton, auxiliado por alguns colegas, fundou o primeiro
jornal evangélico do país (Imprensa Evangélica, 1864), criou o primeiro
presbitério (1865) e organizou um seminário (1867). O Rev. Simonton morreu
vitimado pela febre amarela aos 34 anos, em 1867 (sua esposa, Helen Murdoch,
havia falecido três anos antes).
Os principais colaboradores de Simonton nesse
período foram: seu cunhado Alexander L. Blackford, que em 1865 organizou as
igrejas de São Paulo e Brotas; Francis J. C. Schneider, que trabalhou entre os
imigrantes alemães em Rio Claro, lecionou no seminário do Rio e foi missionário
na Bahia; George W. Chamberlain, grande evangelista e operoso pastor da Igreja
de São Paulo. Os quatro únicos estudantes do “seminário primitivo” foram também
grandes obreiros: Antonio B. Trajano, Miguel G. Torres, Modesto P. B.
Carvalhosa e Antonio Pedro de Cerqueira Leite.
Outras poucas igrejas organizadas no primeiro
decênio foram as de Lorena, Borda da Mata (Pouso Alegre) e Sorocaba. O homem
que mais contribuiu para a criação dessas e outras igrejas foi o notável Rev.
José Manoel da Conceição (1822-1873), um ex-sacerdote que tornou-se o primeiro
brasileiro a ser ordenado ministro do evangelho (1865). Visitou incansavelmente
dezenas de vilas e cidades no interior de São Paulo, Vale do Paraíba e sul de
Minas, pregando o evangelho da graça.
8.2. Consolidação
(1869-1888):
Simonton e seus companheiros eram todos da
igreja presbiteriana do norte dos Estados Unidos (PCUSA). Em 1869 chegaram os
primeiros missionários da igreja do sul (PCUS): George N. Morton e Edward Lane.
Eles fixaram-se em Campinas, região onde havia muitas famílias norte-americanas
que vieram para o Brasil após a Guerra Civil no seu país (1861-65). Em 1870,
Morton e Lane fundaram a igreja de Campinas e em 1873 o famoso, porém efêmero,
Colégio Internacional. Os missionários da PCUS evangelizaram a região da
Mogiana, o oeste de Minas, o Triângulo Mineiro e o sul de Goiás. O pioneiro em
várias dessas regiões foi o incansável Rev. John Boyle.
Os obreiros da PCUS também foram os pioneiros
presbiterianos no nordeste e norte do Brasil (de Alagoas até a Amazônia). Os
principais foram John Rockwell Smith, fundador da igreja do Recife (1878);
DeLacey Wardlaw, pioneiro em Fortaleza; e o Dr. George W. Butler, o “médico
amado” de Pernambuco. O mais conhecido dentre os primeiros pastores brasileiros
do nordeste foi o Rev. Belmiro de Araújo César, patriarca de uma grande família
presbiteriana.
Enquanto isso, os missionários da igreja do
norte dos Estados Unidos também continuavam o seu trabalho, auxiliados por
novos colegas. Seus principais campos eram Bahia e Sergipe, onde atuou, além de
Schneider e Blackford, o Rev. John Benjamin Kolb; Rio de Janeiro, que inaugurou
seu templo em 1874, e Nova Friburgo, onde trabalhou o Rev. John M. Kyle;
Paraná, cujos pioneiros foram Robert Lenington e George A. Landes; e
especialmente São Paulo. Na capital paulista, o casal Chamberlain fundou em
1870 a Escola Americana, que mais tarde veio a ser o Mackenzie College,
dirigido pelo educador Horace Manley Lane. No interior da província destacou-se
o Rev. João Fernandes Dagama, português da Ilha da Madeira. No Rio Grande do
Sul, trabalhou por algum tempo o Rev. Emanuel Vanorden, um judeu holandês.
Entre os novos pastores “nacionais” desse
período estavam Eduardo Carlos Pereira, José Zacarias de Miranda, Manuel
Antônio de Menezes, Delfino dos Anjos Teixeira, João Ribeiro de Carvalho Braga
e Caetano Nogueira Júnior. As duas igrejas norte-americanas também enviaram
notáveis missionárias educadoras: Mary P. Dascomb, Elmira Kuhl, Nannie
Henderson e Charlotte Kemper.
8.3. Dissensão
(1888-1903):
Em setembro de 1888 foi organizado o Sínodo da
Igreja Presbiteriana do Brasil, que assim tornou-se autônoma, desligando-se das
igrejas-mães norte-americanas. O Sínodo compunha-se de três presbitérios (Rio
de Janeiro, Campinas-Oeste de Minas e Pernambuco) e tinha vinte missionários,
doze pastores nacionais e 59 igrejas. O primeiro moderador foi o veterano Rev.
Blackford. O Sínodo criou o Seminário Presbiteriano, elegeu seus dois primeiros
professores e dividiu o Presbitério de Campinas e Oeste de Minas em dois: São
Paulo e Minas.
Nesse período a denominação expandiu-se
grandemente, com muitos novos missionários, pastores brasileiros e igrejas
locais. O Seminário começou a funcionar em Nova Friburgo no final de 1892 e no
início de 1895 transferiu-se para São Paulo, tendo à frente o Rev. John
Rockwell Smith. O Mackenzie College ou Colégio Protestante foi criado em 1891,
sendo seu primeiro presidente o Dr. Horace M. Lane. Por causa da febre amarela,
o Colégio Internacional foi transferido de Campinas para Lavras, e mais tarde
veio a chamar-se Instituto Gammon, numa homenagem ao seu grande líder, o Rev.
Samuel R. Gammon (1865-1928).
A primeira escola evangélica do nordeste foi o
Colégio Americano de Natal (1895), fundado por Katherine H. Porter, esposa do
Rev. William C. Porter. Na mesma época, a cidade de Garanhuns começou a
tornar-se um grande centro da obra presbiteriana. Além do trabalho
evangelístico, foram lançadas as bases de duas importantes instituições
educacionais: o Colégio Quinze de Novembro e o Seminário do Norte, hoje sediado
em Recife. No final desse período, além de estar presente em todos os estados
do nordeste, a Igreja Presbiteriana chegou ao Pará e ao Amazonas.
No sul, foi iniciada a obra presbiteriana em
Santa Catarina (São Francisco do Sul e Florianópolis). A igreja também iniciou
a sua marcha vitoriosa no leste de Minas. O primeiro obreiro a residir em Alto
Jequitibá foi o Rev. Matatias Gomes dos Santos (1901). As igrejas de São Paulo
e do Rio de Janeiro passaram a ser pastoreadas por dois grandes líderes,
respectivamente Eduardo Carlos Pereira (1888) e Álvaro Emídio G. dos Reis
(1897).
Infelizmente, os progressos desse período
foram em parte ofuscados por uma grave crise que se abateu sobre a vida da
igreja. Inicialmente, surgiu uma diferença de prioridades entre o Sínodo e a
Junta de Missões de Nova York. O Sínodo queria apoio para a obra evangelística
e para instalar o Seminário, ao passo que a Junta preferiu dar ênfase à obra
educacional, principalmente através do Mackenzie. Paralelamente, surgiram
desentendimentos entre o pastor da Igreja Presbiteriana de São Paulo, Rev.
Eduardo Carlos Pereira, e os líderes do Mackenzie, Horace M. Lane e William A.
Waddell.
Com o passar do tempo, o Rev. Eduardo C.
Pereira passou a tornar-se mais radical em suas posições, perdendo o apoio até
mesmo de muitos dos seus colegas brasileiros. Como uma alternativa ao jornal de
Eduardo, O Estandarte, o Rev. Álvaro Reis criou O Puritano em 1899. Em 1900 foi
criada a Igreja Presbiteriana Unida, que resultou da fusão de duas igrejas
formadas por pessoas que haviam saído da igreja do Rev. Eduardo. Na mesma
época, um novo problema veio complicar ainda mais a situação: o debate acerca
da maçonaria.
Em março de 1902, Eduardo C. Pereira e seus
partidários começaram a divulgar a sua Plataforma, com cinco tópicos sobre as
questões missionária, educativa e maçônica. Após pouco mais de um ano de
debates acalorados, a crise chegou ao seu triste desfecho em 31 de julho de
1903, durante a reunião do Sínodo. Após serem derrotados em suas propostas,
Eduardo e seus colegas desligaram-se do Sínodo e formaram a Igreja
Presbiteriana Independente.
8.4.
Reconstituição (1903-1917):
No início de agosto de 1903, os independentes
organizaram o seu presbitério, com quinze presbíteros e sete pastores (Eduardo
C. Pereira, Caetano Nogueira Jr., Bento Ferraz, Ernesto Luiz de Oliveira,
Otoniel Mota, Alfredo Borges Teixeira e Vicente Temudo Lessa). Seguiu-se um
triste período de divisões de comunidades, luta pela posse de propriedades,
litígios judiciais. Uma pastoral do Presbitério Independente chegou a vedar aos
sinodais a Ceia do Senhor. O período mais conflitivo estendeu-se até 1906.
Nessa época, o Sínodo contava com 77 igrejas e cerca de 6500 membros; em 1907,
os independentes tinham 56 igrejas e 4200 comungantes.
O prédio do seminário, no Higienópolis, foi
ocupado sem solenidade em setembro de 1899. Os principais professores eram os
Revs. John R. Smith e Erasmo Braga (este a partir de 1901); o principal membro
da diretoria era o Rev. Álvaro Reis. Em fevereiro de 1907, o seminário foi
transferido para Campinas, ocupando a antiga propriedade do Colégio
Internacional. A primeira turma de Campinas só se formou em 1912. Entre os
formandos estavam Tancredo Costa, Herculano de Gouvêa Jr., Miguel Rizzo Jr. e
Paschoal Luiz Pitta. Mais tarde viriam Guilherme Kerr, Jorge T. Goulart,
Galdino Moreira e José Carlos Nogueira.
A obra presbiteriana crescia em muitos
lugares. A primeira cidade atingida no Leste de Minas foi Alto Jequitibá
(Manhuaçu) e no Espírito Santo, São José do Calçado. Os primeiros pastores
daqueles campos foram Matatias Gomes dos Santos, Aníbal Nora, Constâncio Omero
Omegna e Samuel Barbosa. No Vale do Ribeira, o evangelista Willes R. Banks
continuava em atividade; a família Vassão daria grandes contribuições à igreja.
Em 1907, o Sínodo dividiu-se em dois (Norte e
Sul) e em 1910 foi organizada a Assembleia Geral da Igreja Presbiteriana do
Brasil. O moderador do último sínodo e instalador da Assembleia Geral foi o
veterano Modesto Carvalhosa, ordenado 40 anos antes. A Assembleia Geral foi
instalada na Igreja do Rio e o Rev. Álvaro Reis foi eleito seu primeiro
moderador. Os conciliares visitaram a Ilha de Villegaignon para lembrar os
mártires calvinistas e comemorar o 4º centenário do nascimento de Calvino. Na
época, a Igreja Presbiteriana do Brasil tinha 10 mil membros comungantes, outro
tanto de menores e cerca de 150 igrejas em sete presbitérios. As demais
denominações tinham os seguintes números: metodistas – 6 mil membros;
independentes – 5 mil; batistas – 5 mil; episcopais – cerca de mil. Em 1911, a
IPB enviou o seu primeiro missionário a Portugal, Rev. João da Mota Sobrinho,
que lá ficou até 1922.
Os missionários americanos continuam em plena
atividade. A Missão Sul da PCUS dividiu-se em Missão Leste (Lavras) e Missão
Oeste (Campinas) devido a divergências quanto ao lugar da educação na obra
missionária. O Rev. William Waddell fundou uma influente escola em Ponte Nova,
Bahia. Pierce Chamberlain trabalhou na Bahia de 1899 a 1909. A obra
presbiteriana no Mato Grosso começou nesse período: os pioneiros foram os
missionários Franklin Graham (1913) e Philippe Landes (1915).
Em 1917, foi aprovado o Modus Operandi, um
acordo entre a igreja e as missões norte-americanas pelo qual os missionários
desligaram-se dos concílios da IPB, separando-se os campos nacionais
(presbitérios) dos campos das missões. Em 1924, pela primeira reuniu-se a Assembleia
Geral sem nenhum missionário como delegado de presbitério.
8.5. Cooperação
(1917-1932):
O maior líder presbiteriano desse período foi
o Rev. Erasmo Braga (1877-1932), professor do seminário e secretário da Assembleia
Geral. Em 1916, participou com dois colegas do Congresso de Ação Cristã na
América Latina, no Panamá. Poucos anos depois, tornou-se o dinâmico secretário
da Comissão Brasileira de Cooperação, entidade que liderou um grande esforço
cooperativo entre as igrejas evangélicas do Brasil na década de 1920. As
principais áreas de cooperação foram literatura, educação cristã e educação
teológica. Foi fundado o Seminário Unido no Rio de Janeiro, que existiu até
1932.
Outros esforços cooperativos desse período
foram: (1) Instituto José Manoel da Conceição, fundado pelo Rev. William A.
Waddell na cidade de Jandira, perto de São Paulo (1928); visava preparar os
jovens que depois seguiriam para o seminário. (2) Associação Evangélica de
Catequese dos Índios (1928), depois Missão Evangélica Caiuá: idealizada pelo
Rev. Albert S. Maxwell e instalada em Dourados, Mato Grosso; esforço
cooperativo das igrejas presbiteriana, independente, metodista e episcopal.
O Seminário de Campinas correu o risco de ser
extinto por causa do Seminário Unido, mas finalmente superou a crise. Em 1921,
o Seminário do Norte foi transferido para o Recife. As principais instituições
educacionais das missões eram o Colégio Agnes Erskine, em Recife; Colégio 15 de
Novembro (Garanhuns); Escola de Ponte Nova (Bahia); Colégio 2 de Julho
(Salvador); Instituto Gammon (Lavras); Instituto Cristão (Castro) e
principalmente o Mackenzie. Os principais periódicos presbiterianos eram O
Puritano e o Norte Evangélico.
Em 1924, a Assembleia Geral encerrou o
trabalho missionário em Lisboa. No mesmo ano, Erasmo Braga e alguns amigos
fundaram a Sociedade Missionária Brasileira de Evangelização em Portugal, que
enviou para aquele país o Rev. Paschoal L. Pitta e sua esposa Odete. O casal
ali esteve por quinze anos (1925-1940), regressando ao Brasil devido à
constante falta de recursos.
Em 1921, morreu o Rev. Antonio Bandeira
Trajano. Com ele desapareceu a primeira geração de obreiros presbiterianos no
Brasil, os da década de 1860. Outros obreiros falecidos nesse período foram:
Eduardo Carlos Pereira (1923), Álvaro Reis (1925), Carlota Kemper (1927),
Samuel Gammon (1928) e Erasmo Braga (1932).
8.6. Organização
(1932-1959):
·Neste período a IPB continuou a crescer e a
aperfeiçoar a sua estrutura, criando entidades voltadas para o trabalho feminino,
mocidade, missões nacionais e estrangeiras, literatura e ação social. O período
terminou com a comemoração do centenário do presbiterianismo no Brasil.
·A igreja era constituída dos seguintes
sínodos: (1) Setentrional: estendia-se de Alagoas até a Amazônia, estando o
maior número de igrejas no Estado de Pernambuco; (2) Bahia-Sergipe: criado em
1950, quando o Presbitério Bahia-Sergipe, antigo campo da Missão Central,
dividiu-se nos presbitérios de Salvador, Campo Formoso e Itabuna; (3) Minas-Espírito
Santo: surgiu em 1946, abrangendo o leste de Minas e o Espírito Santo, a região
de maior crescimento da igreja; (4) Central: formado em 1928, incluía o Estado
do Rio de Janeiro, bem como o sul e o oeste de Minas Gerais; (5) Meridional:
sínodo histórico (1910-47), abrangia São Paulo, Paraná e Santa Catarina; (6)
Oeste do Brasil: foi formado em 1947, abrangendo todo o norte e oeste de São
Paulo. No final da década de 50, foram entregues pelas missões os Presbitérios
do Triângulo Mineiro, Goiás e Cuiabá.
·Nesse período, as missões norte-americanas
continuaram o seu trabalho: (1) PCUS: (a) Missão Norte: atuou no nordeste, onde
o principal obreiro foi o Rev. William Calvin Porter (†1939); o campo mais
importante era o de Garanhuns, onde estavam o Colégio 15 de Novembro e o jornal
Norte Evangélico; (b) Missão Leste: atuou no oeste de Minas e depois em
Dourados, Mato Grosso, cuja igreja foi organizada em 1951. (c) Missão Oeste:
concentrou-se mais no Triângulo Mineiro, onde o casal Edward e Mary Lane fundou
em 1933 o Instituto Bíblico de Patrocínio. (2) PCUSA: (a) Missão Central: seus
principais campos eram Ponte Nova/Itacira, a bacia do Rio São Francisco, o sul
da Bahia e o norte de Minas.; (b) Missão Sul: atuou no Paraná e Santa Catarina,
fundindo-se com a Missão Central por volta de 1937. O Rev. Filipe Landes foi
grande evangelista no Mato Grosso (norte e sul). Em Rio Verde, Goiás, atuou o
Rev. Dr. Donald Gordon.
·Trabalho feminino: as primeiras sociedades de
senhoras surgiram em 1884-85 e as primeiras federações, na década de 1920. Os
primeiros secretários gerais do trabalho feminino foram o Rev. Jorge T. Goulart
e as sras. Genoveva Marchant, Blanche Lício, Cecília Siqueira e Nady Werner. O
primeiro congresso nacional reuniu-se na I. P. Riachuelo, no Rio, em 1941; o
segundo congresso realizou-se também no Rio em 1954. A SAF em Revista foi
criada em 1954.
·Mocidade: algumas entidades precursoras foram
a Associação Cristã de Moços (Myron Clark), o Esforço Cristão (Clara Hough) e a
União Cristã de Estudantes de Brasil (Eduardo P. Magalhães). Benjamim Moraes
Filho foi o primeiro secretário do trabalho da mocidade (1938). O primeiro
congresso nacional reuniu-se em Jacarepaguá em 1946, quando foi criada a
confederação. Entre os líderes da época estavam Francisco Alves, Jorge César
Mota, Paulo César, Waldo César, Tércio Emerique, Gutemberg de Campos, Paulo
Rizzo e Billy Gammon.
·Missões Nacionais: em 1940 foi organizada na
I. P. Unida a Junta Mista de Missões Nacionais, com representantes da IPB e das
missões norte-americanas. Entre os primeiros líderes estavam Coriolano de
Assunção, Guilherme Kerr, Filipe Landes, Eduardo Lane, José Carlos Nogueira e
Wilson N. Lício. Até 1958, a Junta ocupou quinze regiões em todo o Brasil, com
cerca de 150 locais de pregação. Em 1950 foi criada a Missão Presbiteriana da
Amazônia.
·Missão em Portugal: os primeiros obreiros
foram João da Mota Sobrinho (1911-1922) e Paschoal Luiz Pitta (1925-1940). Em
1944 a IPB assumiu o trabalho e foi criada a Junta de Missões Estrangeiras, com
o apoio das igrejas norte-americanas. Os primeiros missionários foram Natanael
Emerique, Aureliano Lino Pires, Natanael Beuttenmuller e Teófilo Carnier.
·Outras organizações: (a) Casa Editora:
começou a ser organizada em 1945, no início da Campanha do Centenário, sob a
liderança do Rev. Boanerges Ribeiro. A primeira sede foi instalada em
dependências cedidas pela I. P. Unida, na Rua Helvetia. (b) Orfanatos: em 1910,
a Assembleia Geral planejou um orfanato para Lavras; em 1919, passou a
funcionar em Valença, e em 1929 veio a ocupar uma propriedade da I. P. de
Copacabana em Jacarepaguá. O orfanato foi denominado Instituto Álvaro Reis. (c)
Conselho Interpresbiteriano (CIP): foi criado em 1955 para superintender as
relações da IPB com as missões e as juntas missionárias dos Estados Unidos.
Tinha mais autoridade que o “modus operandi” de 1917.
·Outras igrejas: (a) Igreja Presbiteriana
Independente: em 1957, foi criado o Supremo Concílio, com três sínodos, dez
presbitérios, 189 igrejas, 105 pastores e cerca de 30 mil membros comungantes;
O Estandarte continuava a ser o jornal oficial. No final dos anos 30 houve um
conflito teológico. Em 1942, um grupo de intelectuais liberais (entre os quais
o Rev. Eduardo P. Magalhães) retirou-se da IPI e formou a Igreja Cristã de São
Paulo. (b) Igreja Presbiteriana Conservadora: foi fundada em 1940 pelos membros
da Liga Conservadora da IPI. Em 1957, contava com mais de vinte igrejas em
quatro estados e tinha um seminário. Seu órgão oficial é O Presbiteriano
Conservador. (c) Igreja Presbiteriana Fundamentalista: foi fundada em 1956 pelo
Rev. Israel Gueiros, pastor da 1ª I. P. de Recife e ligado ao Concílio
Internacional de Igrejas Cristãs (do fundamentalista americano Carl McIntire).
·Neste período, a IPB participou de vários
movimentos cooperativos: Associação Evangélica Beneficente (fundada por Otoniel
Mota em 1928), Associação Cristã de Beneficência Ebenézer (dirigida pelo Dr.
Benjamin Hunnicutt), Missão Evangélica Caiuá, Instituto José Manoel da
Conceição, Confederação Evangélica do Brasil (fundada em 1934), Sociedade
Bíblica do Brasil, Centro Áudio-Visual Evangélico (CAVE, fundado em 1951) e
Universidade Mackenzie, transferida à IPB no início dos anos 60.
·Constituição da IPB: em 1924, foram aprovadas
pequenas modificações no antigo Livro de Ordem adotado quando da criação do
Sínodo, em 1888. Em 1937, entrou em vigor a nova Constituição da Igreja (os
independentes haviam aprovado a sua três anos antes), sendo criado o Supremo
Concílio. Houve protestos do norte contra alguns pontos: diaconato para ambos
os sexos, “confirmação” em vez de “profissão de fé” e o nome “Igreja Cristã
Presbiteriana”. Em 1950, foi promulgada um nova Constituição e no ano seguinte
o Código de Disciplina e os Princípios de Liturgia.
·Estatística: em 1957, a IPB contava com seis
sínodos, 41 presbitérios, 489 igrejas, 883 congregações, 369 ministros, 127
candidatos ao ministério, 89.741 membros comungantes e 71.650 não-comungantes.
Os primeiros presidentes do Supremo Concílio foram os Revs. Guilherme Kerr,
José Carlos Nogueira, Natanael Cortez, Benjamim Moraes Filho e José Borges dos
Santos Júnior.
·A Campanha do Centenário: foi lançada em
1946, tendo como objetivos: avivamento espiritual, expansão numérica,
consolidação das instituições da igreja, afirmação da fé reformada e homenagem
aos pioneiros. A Comissão Central do Centenário, organizada em 1948, enfrentou
muitas dificuldades. Após 1950, a campanha ganhou ímpeto. A Comissão Unida do
Centenário (IPB, IPI e I. Reformada Húngara) planejou uma grande campanha
evangelística (Edwyn Orr e William Dunlap) que se estendeu por todo o país em
1952. Outras medidas: criação do Museu Presbiteriano, Seminário do Centenário e
jornal Brasil Presbiteriano, resultante da fusão de O Puritano e Norte
Evangélico (1958). A 18ª Assembleia da Aliança Presbiteriana Mundial reuniu-se
em São Paulo de 27-07 a 06-08 de 1959. O lema do centenário foi: “Um ano de
gratidão por um século de bênçãos”.
9. Identidade:
A fé reformada tem uma série de
características e ênfases que conferem aos presbiterianos uma identidade bem
definida. Cinco áreas são especialmente importantes:
9.1. Doutrina:
Os presbiterianos creem que uma teologia
correta, equilibrada e bíblica é essencial para a vida do cristão. Todo crente,
mesmo sem o saber, tem concepções teológicas e essas concepções irão
influenciar todos os aspectos da sua vida cristã. Os reformados não valorizam a
teologia pela teologia, mas como um instrumento para nos proporcionar um melhor
conhecimento de Deus e do nosso relacionamento com ele.
·O fundamento maior da fé reformada são as
Escrituras do Antigo e do Novo Testamento, nossa única regra de fé e prática.
Os documentos de Westminster (Confissão de Fé e Catecismos) não tem a mesma
autoridade que a Bíblia. Eles são aceitos pelos presbiterianos como expressão
histórica do seu entendimento da fé cristã e como um roteiro ou auxílio para o
estudo das Escrituras.
·A fé reformada abraça três categorias de
doutrinas: (a) algumas delas são aceitas por todos os cristãos, como a
trindade, o caráter divino-humano de Jesus Cristo, a sua ressurreição, sua
morte expiatória, a segunda vinda, etc. – essencialmente, as verdades afirmadas
pelos grandes concílios da igreja antiga, nos séculos IV e V; (b) outras
doutrinas são as que temos em comum com as demais igrejas protestantes ou
evangélicas: as Escrituras como única regra de fé e prática, a suficiência da
obra redentora de Cristo, a salvação exclusivamente pela graça mediante a fé, o
sacerdócio universal dos crentes, os sacramentos do batismo e da santa ceia,
etc.; (c) finalmente, existem aquelas doutrinas e práticas mais específicas dos
presbiterianos, como a ênfase na absoluta soberania de Deus, a consequente
crença na eleição ou predestinação, o batismo por “aspersão” e o batismo
infantil, e a forma de governo presbiterial.
·Por causa da sua ênfase nas Escrituras e na
boa teologia, os reformados têm dado grande valor à educação, tanto para as
pessoas em geral, quanto para os seus pastores – os ministros da Palavra. Essa
preocupação intelectual nunca deve ocorrer às expensas da vida espiritual
(estudo + devoção).
9.2. Culto:
O reconhecimento da soberania do Senhor e a
preocupação com a sua glória devem ter reflexos sobre o culto, a expressão mais
visível e central da vida coletiva da igreja. Calvino acentuou os seguintes
princípios para o culto: integridade bíblica e teológica (lex orandi, lex
credendi), equilíbrio entre estrutura/forma e essência, inteligibilidade,
edificação, simplicidade (sem pompa, teatralismo), flexibilidade (por ex., frequência
da Ceia do Senhor), participação congregacional (cânticos, salmos
metrificados).
·O objetivo principal do culto é exaltar e
glorificar a Deus, e não agradar os participantes. Daí a necessidade de
reverência. O culto também visa suprir necessidades legítimas da congregação.
Disso decorre a importância da pregação no culto reformado. A pregação
autêntica deve ser bíblica, doutrinária e prática, isto é, relacionada com a
vida. O culto deve refletir um saudável equilíbrio entre intelecto e
sentimento, mente e coração. Um belo exemplo desse equilíbrio foi a vida do
pastor e teólogo reformado Jonathan Edwards (1703-1758).
9.3. Vida
Comunitária:
A identidade presbiteriana também deve
manifestar-se na maneira como os irmãos vivem e se relacionam na comunidade da
fé. Os reformados crêem firmemente no sacerdócio de todos os fiéis, ou seja,
todos os crentes são iguais em sua dignidade e direitos. Não existe distinção
entre clero e leigos: todo crente é um ministro de Deus. Os ofícios instituídos
na igreja (pastor, presbítero, diácono) visam apenas dar maior ordem e
estabilidade ao trabalho e suprir necessidades nas áreas de liderança,
assistência espiritual e beneficência.
·O sistema presbiteriano é democrático e
representativo. Todos os membros comungantes da igreja têm o direito e o dever
de envolver-se nas atividades e decisões da comunidade, participando das Assembleias,
elegendo oficiais, contribuindo para o sustento da igreja e seus programas,
servindo em diferentes áreas conforme os dons e capacidades de cada um. O conceito
do pacto tem muitas implicações para a vida familiar e eclesial.
·A tradição reformada também dá grande valor à
participação do crente na comunidade mais ampla, a sociedade. Calvino, a partir
das suas convicções teológicas e da sua experiência em Genebra, insistiu que o
cristão deve viver responsavelmente no mundo, como cidadão, como profissional e
em outras capacidades. Deus é o senhor de todas as coisas; portanto, todas as
esferas da vida devem refletir os valores do seu reino.
9.4. Missão:
Os presbiterianos reconhecem que Deus chama os
seus filhos e filhas para uma missão junto à sociedade e ao mundo. Essa missão
tem duas dimensões primordiais:
·Evangelização: desde o princípio, os
calvinistas tiveram uma forte preocupação missionária, primeiramente na Europa
e mais tarde em outras partes do mundo. Foi graças a essa preocupação que
nasceu a Igreja Presbiteriana do Brasil. No que diz respeito ao mundo, a missão
maior da igreja é compartilhar o evangelho da graça e da glória de Deus com aqueles
carentes de reconciliação, perdão e vida eterna. A crença na eleição não é um
empecilho, mas um incentivo para a evangelização. Alguns dos maiores
evangelistas e missionários do mundo foram calvinistas, como os pregadores
ingleses George Whitefield (1714-1770) e Charles H. Spurgeon (1834-1892), o
pioneiro das Novas Hébridas John Paton (1824-1907), a missionária em Calabar,
África Ocidental, Mary Slessor (1848-1915) e o missionário aos muçulmanos
Samuel M. Zwemer (1867-1952).
·Serviço: Calvino e seus herdeiros sempre
deram muita importância ao serviço cristão ou diaconia. Seguindo o exemplo de
Cristo, o crente deve ser instrumento de Deus para ministrar a todos os tipos
de necessidades humanas, ao ser humano integral: corpo, mente e espírito. Isso
é tão importante que as igrejas reformadas têm uma classe de oficiais dedicados
especificamente às atividades beneficentes: os diáconos. Todavia, o serviço
cristão é dever de todo crente. Historicamente, os reformados têm se envolvido
em muitas iniciativas de socorro aos sofredores e carentes, e têm se mobilizado
para transformar situações de injustiça e opressão.
9.5. Ética:
Uma outra área importante para a vida
reformada diz respeito aos valores. O cristão é chamado para uma vida de
santidade e integridade na sua relação com Deus, com a igreja e com a
sociedade, naquilo que ele é e faz. Não se pode dissociar a ética pessoal da
ética social. Se um crente não é íntegro individualmente, dificilmente poderá
lutar pela justiça, honestidade e transparência na vida política, econômica e
social do país. Esse é outro elemento importante para a identidade
presbiteriana, em um mundo cada vez mais carente de padrões firmes e seguros.
Mais uma vez, o fundamento de tudo está na soberania e na graça de Deus.
Leituras
recomendadas:
Biéler, André. O
pensamento econômico e social de Calvino. Trad. Waldyr Carvalho Luz. São Paulo:
Casa Editora Presbiteriana, 1990.
Biéler, André. El
humanismo social de Calvino. Buenos Aires: Editorial Escaton, 1973.
Calvino, João. As
Institutas ou Tratado da Religião Cristã. 4 vols. Trad. Waldyr Carvalho Luz.
São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1985-1989.
Calvino, João. As
Institutas – edição clássica. 2ª ed. 4 vols. Trad. Waldyr Carvalho Luz. São
Paulo: Editora Cultura Cristã, 2006.
Calvino, João. As
Institutas – edição especial com notas para estudo e pesquisa. 4 vols. Trad.
Odair Olivetti. Revisão e notas Hermisten M. P. Costa. São Paulo: Cultura
Cristã, 2006. Baseada na edição francesa de 1541.
Carlson, Paul. Our
Presbyterian heritage. Elgin, Illinois: David C. Cook, 1973.
Ferreira, Wilson
Castro. Calvino: vida, influência e teologia. Campinas: Luz Para o Caminho,
1985.
George, Timothy.
Teologia dos reformadores. São Paulo: Vida Nova, 1994.
Lingle, Walter L.
Presbyterians: their history and beliefs. Richmond: John Knox, 1960.
Lopes, Augustus
Nicodemus. Calvino e a responsabilidade social da igreja. São Paulo:
Publicações Evangélicas Selecionadas.
McGrath, Alister.
A vida de João Calvino. São Paulo: Cultura Cristã, 2004.
Parker, T.H.L.
Calvin: an introduction to his thought. Louisville: Westminster/ John Knox,
1995.
Reid, W. Stanford.
Calvino e sua influência no mundo ocidental. São Paulo: Casa Editora
Presbiteriana, 1990.
Wallace, Ronald. Calvino, Genebra e a Reforma. São Paulo: Cultura Cristã, 2003.
Conforme a constituição-eclesiástico-ortodoxa da CCJR. Comunidade Cristã Jesus é a Resposta, nossa mantenedora oficial no Brasil; CNPJ. 17.450.386-0001-36 adotamos a forma Eclesiástica de Governo Episcopal.
* Sistema de governo eclesiástico episcopal da IPOB:
O governo episcopal é uma forma de governo eclesiástico que tem sido praticada por séculos. É uma forma de governo eficiente e unificador.
No Brasil, as igrejas presbiterianas ortodoxas; adotam o governo episcopal. Portanto, são organizadas em uma estrutura hierárquica. No topo da estrutura está o reverendo primaz, que é o líder máximo da igreja abaixo de Jesus Cristo. O Rev. primaz é auxiliado por um conselho de reverendos, que é responsável por tomar decisões importantes para a igreja em nível nacional.
Abaixo do Rev. primaz estão os Rev. regionais, que são responsáveis por supervisionar um grupo de igrejas em uma região específica. Os Rev. regionais são auxiliados por um conselho de presbíteros, que é responsável por tomar decisões importantes para as igrejas da região em nível estadual.
Abaixo dos Rev. regionais estão os Rev. locais, que são responsáveis por liderar uma igreja local. Os Rev. locais, são auxiliados por um conselho de presbíteros e diáconos locais, que é responsável por tomar decisões importantes para a igreja local em nível municipal.
Este sistema de governo permite que as igrejas presbiterianas ortodoxas, sejam administradas de forma eficiente e unificada.
*Vantagens do governo eclesiástico episcopal:
*Eficiência: O governo episcopal é uma forma de governo eficiente, pois permite que as decisões sejam tomadas rapidamente.
*União: O governo episcopal promove a unidade da igreja, pois todos os Oficiais Eclesiásticos estão unidos sob uma única autoridade.
*Continuidade: O governo episcopal garante a continuidade da igreja, pois a autoridade eclesiástica primaz, é transmitida de geração em geração.
*A IPOB é mantenedora da OMPOB. Ordem dos Ministros Presbiterianos Ortodoxos do Brasil que por sua vez, é uma instituição, sem fins lucrativos, criada com o propósito de congregar Ministros Presbiterianos Ortodoxos, de caráter instritamente denominacional, Exclusivo para nossos: Obreiros, Diáconos, Presbíteros, Reverendos e Seminaristas. Com a finalidade de:
* Promover a unidade, e fraternidade entre seus membros;
* Programar, coordenar e divulgar atividades de interesse das IPOB,s Igrejas Presbiterianas Ortodoxas do Brasil;
* Defender a dignidade ministerial e eclesiástica de nossos filiados; junto à sociedade, aos poderes públicos e meios de comunicação;
* Defender os interesses do segmento Presbiteriano Ortodoxo, dentro dos princípios Bíblicos e Legais, junto à sociedade, aos poderes constituídos e os meios de comunicação;
* Representar seus Associados e, dentro de sua competência, falar por eles junto aos poderes constituídos;
* Promover encontros de caráter eclesiástico, através de conferências, seminários, congressos e convênios com Instituições Teológicas Reformadas e Ortodoxas;
* Prestar aos seus membros, dentro das suas possibilidades, assistência social, jurídica, teológica e ministerial;
* Incentivar Ministros e Igrejas a uma melhor identificação com a Constituição Federal;
* Promover Seminários sobre Aconselhamento Pastoral;
* Assessoramento aos Ministros para solução de diversos problemas junto as Administrações Regionais;
* Assessoramento Jurídico aos Ministros e em muitos casos as Igrejas que estejam ligados;
* Expedição de Credencial Eclesiástica de Membros de cada estado da federação;
* Acompanhamentos junto a Câmara Federal ao Senado da República, de projetos que tratem de questões que envolvam o segmento Presbiteriano Ortodoxo.
Portanto, a OMPOB. (Ordem dos Ministros Presbiterianos Ortodoxos do Brasil); é uma entidade instritamente, presbiteriana ortodoxa; cuidando apenas e tão somente, dos interesses eclesiásticos da IPOB. Igreja Presbiteriana Ortodoxa do Brasil.
*A IPOB, é mantenedora do SPOB. Seminário Presbiteriano Ortodoxo do Brasil, o SPOB. É uma instituição de ensino teológico de cosmovisão bíblico-reformada-ortodoxa com foco 100% eclesiástico. Tendo por missão principal o preparo e formação de membros da IPOB para o serviço do ministério eclesiástico e afins. Capacitar oficiais eclesiásticos alicerçados numa cosmovisão 100% Ortodoxa e Reformada em suas respectivas vocações.
De acordo com seus pressupostos e objetivos, o SPOB. Busca promover um melhor ambiente para a formação acadêmica e a reflexão teológica dentro das linhas da fé reformada ortodoxa. Assim, o SPOB não busca credenciamento junto às autoridades que regulam a educação do governo brasileiro (MEC), pois, isso limitaria o escopo de nossa missão eclesiástica.
Nossos cursos são de cunho 100% eclesiásticos. Em nossa grade de formação constam os seguintes cursos:
* Curso Reformado Ortodoxo de Formação de Obreiros;
* Bacharel em Teologia Reformada Ortodoxa;
*Pós-Graduações em Teologia Reformada Ortodoxa;
*Mestrado em Teologia Reformada Ortodoxa;
*Doutorado em Teologia Reformada Ortodoxa.
Estes cursos são pré-requisitos para a ordenação de oficiais eclesiásticos como: Obreiros, Diáconos, Presbíteros, Reverendos, Mestres e Doutores da Igreja Presbiteriana Ortodoxa do Brasil.
Desta forma, o SPOB faz saber que os cursos reconhecidos pelo MEC não podem ser confessionais, não podendo estes, ter nenhum vínculo de compromisso com a teologia estritamente cristã, reformada e ortodoxa. Portanto, estes cursos sob o reconhecimento do MEC são cursos voltados para as “ciências da religião”, e por isso, não podem ser o critério para a formação eclesiástica ministerial, visto que, não há, por parte do MEC, qualquer interesse em chancelar cursos de teologia com grade distintivamente reformada, confessional e 100% Ortodoxa. Parecer CNE/CES 118/2009.
Links úteis:
FATERGE. Faculdade Teológica Reformada Genebra
O Estandarte de Cristo; O Portal Reformado do Brasil
Centro de Pós-graduação Andrew Jumper
Pesquisador, Tradutor, Editor e Organizador: Rev. Prof. Dr. Albuquerque G. C. Ph.D. Th.D.
Ao utilizar este texto! observe as normas acadêmicas, ou seja, cite o autor e o tradutor, bem como, o link de sua fonte original.
O Fundador da IPOA. Igreja Presbiteriana Ortodoxa Americana:
J. GRESHAM MACHEN.
J (John) Gresham Machen (1881-1937) foi uma importante figura evangélica nas primeiras décadas do século 20, servindo como professor de estudos do Novo Testamento no Seminário de Princeton entre 1906 e 1929 e, posteriormente, no Seminário Teológico de Westminster, uma instituição que ele ajudou a fundar. Ele foi ativo nas controvérsias do chamado Fundamentalismo versus Modernismo da época, especialmente em seus esforços para manter a teologia protestante conservadora (reformada) tanto em Princeton quanto nas organizações da Igreja Presbiteriana. Como tal, seu papel na apologética e na defesa da ortodoxia protestante, fez dele uma espécie de herói para muitos evangélicos de hoje.
Machen estava envolvido no estabelecimento e promoção de organizações missionárias e também tinha um grande interesse no desenvolvimento da educação cristã na igreja local e na escola. Mais conhecido como teólogo e apologista, foi antes de tudo um comentarista e exegeta do Novo Testamento. De fato, sua gramática introdutória do grego do Novo Testamento continua a ser admirada e usada nos seminários de hoje.
Seu legado, inclui dez obras publicadas por Machen, mostrando a gama de seus interesses e experiência. Seu trabalho como professor de estudos do Novo Testamento é mostrado em The Literature and History of New Testament Times (1915) e The Origin of Paul's Religion (1921). A preocupação que ele demonstrou com a educação cristã também é evidente no manual de ensino Teaching the Teacher: A First Book in Teacher Training (1921), que oferece insights ainda valiosos para igrejas e escolas cristãs de hoje. Claro, Machen é mais famoso por seus esforços no campo da apologética, em defesa da ortodoxia reformada e da fé cristã ortodoxa. O conflito com as visões "teológicas" liberais e o "Modernismo" está bem representado em suas obras marcantes: Cristianismo e Liberalismo (1923), A Fé Cristã no Mundo Moderno (1936), e nas várias palestras e discursos como "O que é a fé?", "O que é o cristianismo?", "Deus Transcendente", e muitos outros. De especial interesse são os artigos que ele publicou para a Princeton Theological Review entre 1905 e 1927 com o título: Cristianismo e Cultura) – especialmente aqueles sobre o nascimento de Jesus, que formariam o núcleo de seu clássico posterior O Nascimento Virginal de Cristo publicado em 1930, ainda não disponível.